
Para as empresas que querem um ambiente de trabalho diverso e inclusivo, além da contratação de representantes de grupos minorizados, é preciso fornecer ferramentas para a adaptação dessas pessoas, e o comitê de diversidade pode ser de grande auxílio nesse momento.
Um comitê de diversidade deve ser composto por pessoas colaboradoras da empresa, reunindo indivíduos com trajetórias e experiências de vida totalmente distintas, de modo a garantir que todos se sintam representados.
Se a sua empresa deseja implementar um comitê de diversidade ou tornar mais efetiva a atuação de um já existente, a leitura deste artigo será bastante útil.. Aqui, vamos explicar do que se trata a iniciativa, como é possível estruturá-la dentro da empresa, os desafios no início do processo e como medir o impacto que o comitê está gerando entre os colaboradores. Vamos lá!
O que é um comitê de diversidade e qual é sua importância?
O comitê de diversidade é um instrumento composto por um grupo de pessoas colaboradoras de uma empresa, com o objetivo de estimular a própria organização, líderes e gestores a se abrirem à pluralidade social.
Esse coletivo trabalha para tornar a empresa mais inclusiva, promover a conscientização por meio de ações voltadas para a equidade e deve ser composto por pessoas negras, mulheres, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIAP+, migrantes, refugiados, pessoas com mais de 60 anos, entre outros grupos que representem a diversidade da organização, além de qualquer outro funcionário interessado em contribuir com a causa.
O comitê de diversidade é extremamente importante para auxiliar na resolução de conflitos, ajudar a criar um ambiente corporativo mais harmônico, onde todos possam participar, sugerir propostas inclusivas para a empresa e servir como um canal de denúncias de atos de discriminação.
Além de ajudar a desenvolver políticas de DEI (diversidade, equidade e inclusão), o comitê pode participar de eventos externos para obter mais conhecimento e repassar essas informações para as pessoas colaboradoras, além de monitorar indicadores que medem a diversidade e inclusão dentro da empresa.
Quais são os objetivos do comitê de diversidade?
Confira os principais objetivos estratégicos do comitê de diversidade dentro de uma organização:
Promover a diversidade no ambiente de trabalho
O principal objetivo do comitê de diversidade é promover a DEI (diversidade, equidade e inclusão) dentro do ambiente organizacional, tornando o local de trabalho mais respeitoso, acolhedor e harmônico, por meio do desenvolvimento e implementação de políticas mais inclusivas.
Abrir espaço para mais debates sobre D&I
O comitê de diversidade deve ser um espaço aberto ao debate, ao diálogo, à exposição de ideias, sugestões e até mesmo reclamações. Por meio dos debates, é possível conscientizar as pessoas sobre a importância da criação de um ambiente organizacional inclusivo e acolhedor, promovendo uma mudança cultural na empresa.
Os canais de diálogo e debate podem ser criados por meio de eventos internos e externos, workshops, artigos impressos, palestras de profissionais de DEI e pela disseminação de ideias equitativas e inclusivas.
Criar um ambiente acessível
Para conquistar um ambiente inclusivo, a empresa precisa garantir o envolvimento de todas as pessoas colaboradoras, especialmente as de grupos minorizados.
Isso pode ser feito por meio da participação de diferentes equipes no comitê de diversidade, da organização de projetos e atividades pró-inclusão, do desenvolvimento de ações que promovam a acessibilidade e a equidade, além do recebimento de sugestões que tornem o ambiente corporativo mais agradável.
A acessibilidade vai muito além de mudanças no espaço físico da empresa. Ela inclui materiais de leitura em braile, computadores adaptados, conteúdos de palestras, eventos e workshops em formato audiovisual para pessoas com deficiência,entre outras medidas.
Integrar times
Com o surgimento de espaços de convivência ou integração, a proximidade entre as pessoas colaboradoras tende a aumentar e a melhorar.
A convivência pode estimular de forma positiva a interação entre os grupos, fortalecer o respeito às diferenças, possibilitar a troca de experiências de vida totalmente diferentes, permitir a criação de vínculos entre as pessoas e tornar o ambiente de trabalho mais harmonioso e aconchegante.
Os comitês de diversidade são responsáveis pela criação desses espaços e pela promoção de momentos de convivência entre as pessoas colaboradoras, seja por meio de eventos, de atividades internas, palestras ou mesmo com o estímulo ao trabalho voluntário em equipe.
Validar a execução das ações
Após a análise da realidade dos grupos minorizados dentro da empresa, o comitê pode sugerir atividades com o objetivo de melhorar a situação desses grupos ou validar as ações estipuladas e elaboradas pelo setor de Recursos Humanos.
Por meio da avaliação do ambiente organizacional das equipes, é possível identificar as barreiras à inclusão e, com isso, definir medidas para modificar esse cenário.
Quais são os desafios mais comuns ao implementar um comitê de diversidade e como superá-los?
Há uma certa resistência à implementação de mudanças por parte da grande maioria das pessoas, que preferem permanecer em sua zona de conforto. Mas a criação de um comitê de diversidade dentro de uma empresa pode trazer uma série de benefícios para todas as pessoas colaboradoras.
Confira a seguir que tipos de barreiras podem surgir no momento da criação e implementação do comitê de diversidade:
Resistência cultural interna
A resistência à mudança por parte da equipe é um problema que costuma surgir toda vez que uma nova ferramenta ou processo é inserido na rotina de trabalho de uma empresa. Para superar essa barreira, é necessário promover o diálogo e o debate, de modo que todos se conscientizem de que as mudanças são necessárias e bem-vindas.
Sustentabilidade a longo prazo
Outros desafios que podem surgir com a implementação de um comitê de diversidade são a falta de métricas para acompanhar o progresso do comitê, a sobrecarga das pessoas colaboradoras, a ausência de metas corporativas e a falta de envolvimento de todos.
A sustentabilidade do projeto do comitê deve ser baseada em metas, e seu acompanhamento deve ser feito por meio de métricas e ferramentas de mensuração que contribuam para a gestão do projeto. Os desafios iniciais não devem desestimular os participantes e líderes, pois a persistência e a constante capacitação são fundamentais para obter sucesso nessa empreitada.
Passo a passo para implementar um comitê de diversidade
A seguir, estão as etapas necessárias para que a implementação de um comitê de diversidade em uma empresa seja bem-sucedida:
Identificação de necessidades organizacionais
O primeiro passo para que o comitê de diversidade tenha sucesso em suas ações é saber o que precisa ser feito para realizar melhorias no ambiente e na cultura organizacionais. Isso pode ser feito por meio de uma pesquisa interna.
É importante avaliar os pontos fortes e os pontos fracos da empresa, identificar o que pode ser melhorado e o que precisa ser modificado. Também é fundamental coletar a opinião de pessoas colaboradoras sobre a criação do comitê e que recursos devem ser utilizados para promover um ambiente mais inclusivo.
Isso pode ser feito por meio de um levantamento do perfil demográfico dos colaboradores, com a aplicação de questionários anônimos, a realização de entrevistas individuais, o uso de técnicas de análise de dados, a condução de reuniões com gestores e líderes de equipes ou ainda a partir da análise de um especialista no assunto, que possa emitir seu parecer.
Composição do comitê: quem deve participar?
Se o comitê é de diversidade, a sua composição precisa refletir a pluralidade que se deseja promover na organização. A inclusão de diversos perfis, níveis hierárquicos, faixas etárias, competências diferentes e integrantes dos grupos minorizados é a melhor opção para a formação da equipe.
Com um comitê formado por pessoas diversas, há maior chance de que os grupos minorizados sejam realmente acolhidos e, assim, passem a ter visibilidade e seu próprio espaço dentro da empresa.
Estabelecimento de metas objetivas e mensuráveis
Para que o comitê possa atingir seus objetivos, é preciso traçar metas mensuráveis. Também é importante montar um plano de ação para alcançar essas metas de forma que o caminho seja viável, sem sobrecarregar os membros do comitê nem impor exigências às demais pessoas colaboradoras.
Além disso, deve-se estabelecer um cronograma com prazos definidos para a realização das tarefas, acompanhar o andamento dos processos e verificar, periodicamente, se são necessárias novas atividades voltadas para a orientação das pessoas colaboradoras, a fim de que a ideia da pluralidade seja sempre reforçada.
Comunicação e engajamento das pessoas colaboradoras
A informação é uma aliada poderosa do comitê de diversidade, então use uma comunicação branda, suave, mas objetiva. O estímulo à participação de todos, seja com ideias, pautas novas, sugestões ou críticas construtivas, é fundamental para que o projeto seja um sucesso.
Os líderes devem estar engajados para que sirvam como uma referência positiva e legitimem as ações do comitê. Uma dica é que haja uma estrutura bem definida dos participantes e suas funções.
É recomendável agendar regularmente eventos do comitê, distribuir avisos e informes sobre os temas, datas e horários, e pedir aos gestores que estimulem e permitam a participação e contribuição de todas as equipes.
Como medir os resultados de um comitê de diversidade?
Depois de implementado, é preciso saber se o comitê de diversidade está tendo o alcance esperado e quais tipo de mudanças e melhorias precisam ser feitas para torná-lo ainda mais efetivo. Confira algumas orientações:
Principais KPIs a serem acompanhados
Confira os principais KPIs que ajudam a medir o impacto e a efetividade das ações do comitê de diversidade:
- Taxa de turnover antes e depois da implementação do comitê;
- Número de promoções e progressões de carreira de profissionais de grupos minorizados, comparado a períodos anteriores;
- Percentual de colaboradores que se sentem incluídos e respeitados (comparação antes e depois do comitê)
- Quantidade de denúncias ou relatos de discriminação e preconceito antes e depois do comitê;
- Percentual de pessoas de grupos minorizados no quadro da empresa e em cargos de liderança;
- Proporção de candidatos e taxa de contratação de pessoas de grupos minorizados nos processos seletivos;
- Engajamento em eventos e ações do comitê, medido por participação e feedbacks.
Uso de feedback das pessoas colaboradoras
O feedback das pessoas colaboradoras é fundamental para avaliar a efetividade das ações do comitê de diversidade. Considerar diferentes perspectivas — tanto de quem integra grupos minorizados quanto dos demais colaboradores — contribui para identificar se as iniciativas estão promovendo inclusão de maneira ampla e consistente.
Analise quais medidas foram aprovadas, quais ainda estão em fase de adaptação e quais ações tiveram efeitos negativos. Garanta que todas as pessoas tenham espaço para se manifestar. Mantenha-se aberto a sugestões, críticas, denúncias e comentários relacionados aos temas de diversidade e inclusão.