Estratégias para promover a comunicação não violenta e melhorar o clima organizacional

03/02/2025
• Atualizado em 26/05/2025
Grupo de pessoas conversando em torno de uma mesa, cada um usando suas anotações e laptops para uma reunião
A comunicação não violenta promove colaboração e respeito no trabalho

 

A comunicação é uma ferramenta fundamental no nosso dia a dia. Mas você já parou para se perguntar de que forma ela é feita? A comunicação não violenta é uma forma de melhorar relações, e, dentro do ambiente organizacional, é um recurso que precisa ser difundido e utilizado.

Dentro de uma empresa, é preciso tomar certos cuidados com a maneira de se comunicar, garantindo clareza, gentileza, empatia e acolhimento. É a comunicação não violenta, ou CNV, que propicia um convívio mais harmonioso e evita uma série de desentendimentos e crises.

Neste artigo, vamos conceituar a comunicação não violenta, explicar quais são os seus pilares, demonstrar de forma prática como ela deve ser implementada em ambientes empresariais e citar algumas das vantagens em utilizá-la.

O que é a comunicação não violenta?

A comunicação não violenta pode ser considerada uma prática eficaz para a construção e manutenção de relacionamentos pessoais e profissionais, cujo  foco é a parceria, compreensão e empatia.

A CNV é caracterizada por pequenos detalhes e seus pontos de atenção, e, por meio deles, é possível ser compreendido e também compreender o que as pessoas têm a dizer, de forma eficaz.

Apesar de não haver uma fórmula pronta para a comunicação não violenta, ela é uma habilidade que visa criar conexões mais humanas, evitar conflitos e desentendimentos, aumentar a capacidade de se comunicar com clareza e de forma assertiva.

Como surgiu o conceito de comunicação não violenta?

O conceito de comunicação não violenta e sua metodologia teórica começaram a ser difundidos em meados da década de 60 e foram introduzidos por um psicólogo de origem norte-americana chamado Marshall Rosenberg.

Rosenberg utilizou como parâmetros as habilidades sociais e as condutas de resistência não-violentas de renomadas lideranças espirituais como Martin Luther King e Gandhi, como um recurso capaz de modificar completamente a realidade violenta de injustiças e segregação racial que caracterizava a época.

Sua função como psicólogo e orientador educacional era ensinar uma forma de comunicação mais branda a pessoas que enfrentavam uma realidade árdua e cercada por discriminações e discursos de ódio.

O que não é comunicação não violenta?

Todos já passaram por situações em que a forma de se expressar ou as atitudes de terceiros geraram incômodo e mal-estar. Por isso, alguns conceitos do que não é comunicação não violenta devem ser entendidos e evitados.

O julgamento do bem e do mal na nossa comunicação pode afetar nossos relacionamentos, então recomenda-se a prática da comunicação compassiva, sem que haja julgamentos sobre o que nosso interlocutor diz.

Outro ato que representa o que não é comunicação não violenta são as punições, sejam elas físicas ou verbais. A CNV não estimula esse tipo de comportamento, salvo em raros casos em que seja necessário se defender de agressões que resultem em ferimentos.

O uso de estereótipos, fazer comparações ou juízo de valor também são totalmente o oposto do que prega a CNV. Generalizar ou determinar o que é correto constitui  uma fonte infinita de mal-entendidos e demonstra falta de empatia.

Quais são os 4 pilares da comunicação não violenta?

Para facilitar ainda mais a compreensão do que é a comunicação não violenta, é importante saber no que ela se baseia e entender seus pilares.

Observação

O primeiro, e talvez o mais importante, pilar da CNV é a capacidade de observar sem avaliar. Ou seja, exercer a imparcialidade quando estamos lidando com terceiros e receber suas informações sem que sejam feitas avaliações de forma automática.

São pequenas atitudes que costumam gerar um juízo de valor, como conversar com alguém e a pessoa cruzar os braços. Imediatamente, pensamos: será que a pessoa está brava ou entediada? Isso precisa ser evitado e combatido.

Muitas vezes, somos mal interpretados, e isso costuma acontecer quando  o receptor da mensagem perde o foco, deixa de observar e cria uma interpretação baseada em opiniões pessoais e juízo de valor.

Há também a auto-observação, que é a capacidade de analisar a forma como nos expressamos. E é ela quem nos permite ser imparciais, mais abertos, agir de forma empática e compassiva.

Sentimento

De acordo com Rosenberg, o segundo pilar da comunicação não violenta é a capacidade que devemos ter de expressar como estamos nos sentindo de maneira simples, direta e objetiva, uma vez que nosso repertório de rótulos para os outros costuma ser maior do que o que usamos para nós mesmos.

Uma forma de expressar sentimentos bastante comum, de acordo com Rosenberg, é por meio  de frases como “sinto que não gostam de mim”. Na verdade, isso é uma opinião, não um sentimento, e, por isso, devemos ter cuidado com o que pode ser dito e com a interpretação que vão ter sobre cada frase.

Por mais que seja bastante comum esconder os próprios sentimentos, em especial em ambientes corporativos, é preciso identificar o que estamos sentindo e nos permitir ser vulneráveis, já que isso pode auxiliar em questões que dizem respeito ao convívio social.

Necessidades

A melhor maneira de identificar a motivação dos nossos sentimentos é conectá-los às nossas necessidades. Toda vez que expressamos um sentimento, ele está ligado a um tipo de necessidade.

O importante é identificar essas necessidades e conseguir expressá-las de forma objetiva e coerente, abrindo espaço para uma comunicação assertiva, que, por sua vez,  resultará em um diálogo mais respeitoso e honesto.

Pedido

O quarto e último pilar da comunicação não violenta é o pedido, ou seja, a forma que encontramos de atender nossas necessidades e como devemos comunicar isso para que sejamos atendidos.

Há um pensamento bastante comum entre as pessoas, que é evitar pedir algo para não causar incômodo ou mesmo por acreditar que seja algo muito óbvio e, por isso, não há a necessidade de formular o pedido.

No entanto, precisamos compreender que é necessário comunicar às pessoas o que desejamos, de forma objetiva e direta. Isso vai evitar uma série de atritos e ruídos que podem ser facilmente sanados com a transmissão correta da mensagem.

Qual a importância do uso da comunicação não violenta no ambiente organizacional?

Por meio do uso da comunicação não violenta, o ambiente organizacional pode se tornar mais acolhedor e empático, evitando discriminações, rótulos estereotipados e classificações com juízo de valor.

Como o princípio da CNV é que as ações sejam baseadas em valores comuns a todos, sem pré-julgamentos ou distinções, manter o foco nas necessidades e nos sentimentos é a melhor estratégia para uma comunicação pacífica e compassiva.

O papel das lideranças na implementação da CNV é fundamental para sua aceitação e difusão, uma vez que os estudos de Rosenberg já comprovaram que a forma de nos comunicarmos impacta diretamente o ambiente de trabalho e as pessoas colaboradoras.

O cuidado com o que se expressa e como a informação é recebida deve ser uma constante, evitando ruídos e optando pela honestidade. Assim, é viável  proporcionar a todos um ambiente de fácil convívio, onde é possível produzir mais e, consequentemente, superar as expectativas.

Esse mito de que, dentro das empresas, demonstrar vulnerabilidade é um sinal de fraqueza está sendo extinto, e com isso as pessoas colaboradoras se sentem mais pertencentes, motivadas e, com a melhora das relações interpessoais, seu engajamento tende a ser ainda maior.

Quais são as estratégias para promover a comunicação não violenta na organização?

Já que muito foi dito sobre a importância de uma comunicação não violenta para obtenção de resultados mais positivos, seguem abaixo algumas sugestões de como promover esse tipo de comportamento em benefício das empresas e suas pessoas colaboradoras.

Diagnosticar a cultura e a comunicação da empresa

O primeiro passo para promover a comunicação não violenta dentro de uma empresa é entender como funciona a cultura organizacional e como se dá a comunicação entre as pessoas colaboradoras de todos os níveis.

Quais são os gargalos de comunicação, os erros mais comuns e a forma de relacionamento interpessoal? Somente então será possível avaliar o quadro geral, diagnosticar o que precisa ser mudado e montar um plano de ação.

Por meio desse tipo de levantamento, é possível identificar os pontos fortes, os que precisam ser modificados e direcionar os esforços para que a comunicação não violenta possa ser uma realidade dentro do ambiente organizacional.

Desenvolver a comunicação da liderança

A implementação de mudanças precisa começar por algum lugar, e o papel das lideranças para que isso ocorra é fundamental. Então, nada melhor do que investir no desenvolvimento de uma comunicação empática, começando por líderes e gestores.

Para se adequar ao que é pretendido, os líderes precisam identificar as melhorias a serem feitas e engajar a equipe, demonstrando como fazer essas mudanças. Os líderes devem aprender a dialogar de forma mais assertiva, objetiva e fácil com suas pessoas colaboradoras.

Investir em desenvolvimento e capacitação

O conhecimento é a melhor ferramenta para gerar mudanças, então é preciso investir em treinamentos e capacitação de líderes, gestores e pessoas colaboradoras para que seja possível colocar em prática as melhorias necessárias para desenvolver a comunicação não violenta dentro de uma empresa.

Além de proporcionar o aprendizado necessário, os treinamentos e cursos promovem mais proximidade e capacidade de diálogo entre as pessoas colaboradoras, fortalecendo o vínculo e a interação entre elas e com a organização, que deve proporcionar os recursos necessários para o desenvolvimento de novas habilidades.

Quais são as vantagens de melhorar o clima organizacional?

Já é amplamente reconhecido que empresas que oferecem às suas pessoas colaboradoras um clima organizacional mais leve, harmônico e empático têm vantagens significativas em relação aos concorrentes. A seguir, destacamos alguns dos benefícios de investir em comunicação não violenta e na qualidade do ambiente de trabalho.

Produtividade da equipe

Um ambiente organizacional positivo é capaz de influenciar diretamente suas pessoas colaboradoras e gerar maior engajamento e motivação. E isso é fundamental para aumentar a capacidade produtiva das equipes e com que elas se sintam parte da empresa, valorizadas e estimuladas.

Quando o clima da organização é favorável e inclusivo, as pessoas colaboradoras abraçam com mais determinação os desafios e sentem prazer em serem mais produtivas, entregando sempre o seu melhor e se envolvendo ativamente com os objetivos da empresa.

Comunicação interna

Com uma comunicação interna mais assertiva e eficaz, sem a constante barreira que os desentendimentos costumam criar, o fluxo de informações ganha mais agilidade, fortalecendo assim as relações e a compreensão.

Em organizações que se preocupam em manter a comunicação não violenta, as informações costumam circular com mais transparência, objetividade, e cada pessoa colaboradora consegue saber exatamente o que se espera dela, tornando possível um aumento de produtividade.

Retenção de colaboradores

É possível perceber claramente que as organizações que se esforçam para obter uma melhor comunicação colhem respostas positivas de seus funcionários, o que resulta em um menor índice de turnover. Em outras palavras, as pessoas tendem a permanecer mais tempo na empresa.

Dessa forma, agir de forma preventiva para reter seus talentos é papel da empresa. Para isso, o investimento na melhoria do clima organizacional é uma ferramenta extremamente importante. Pessoas colaboradoras que se sentem valorizadas, incluídas e parte de uma organização não costumam buscar vagas nos concorrentes.

Conteúdo do Artigo

Você também vai gostar!

Palestra sendo liderada por um homem no palco com um microfone em suas mãos.

Como funciona a Lei Rouanet para empresas: dicas para apoiar projetos culturais sem erros

Entenda como sua empresa pode apoiar a cultura usando a Lei Rouanet. Confira como funciona, quais os benefícios fiscais e como escolher bons projetos.
Uma mulher em pé realizando uma palestra.

COP 30 no Brasil: o que muda para as empresas e quais ações serão cobradas

Entenda o que é a COP 30, por que ela será no Brasil e como empresas podem se preparar para as mudanças climáticas e oportunidades com foco em ESG.
Duas pessoas sentadas a mesa, trabalhando em seus notebooks

SROI: o que é e como calcular o retorno social dos seus projetos

Saiba como o SROI pode transformar a forma de avaliar o impacto das suas iniciativas e contribuir para decisões mais estratégicas.

Receba os melhores conteúdos sobre diversidade e mais!

Inscreva-se na nossa Newsletter.

Participe da newsletter

O essencial sobre diversidade e ESG, direto no seu e-mail.

Receba conteúdos novos todo mês, no melhor ritmo para você acompanhar, aprender e aplicar.