
O Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) é uma área fundamental para empresas que desejam promover não só a eficiência operacional de maneira consistente, mas também o crescimento individual e coletivo.
Mais do que garantir processos bem estruturados, essa estratégia amplia a capacidade das organizações de desenvolver talentos, estimular a inovação e criar ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos.
Neste artigo, você vai entender como funciona o DHO e descobrir como planejar, executar e avaliar estratégias por meio da visão de Wilhian Rodrigues, especialista da Voke.
Também vai conhecer o relato de Amanda Cunha, colaboradora da Lenovo, que compartilha como vivenciou iniciativas de desenvolvimento humano dentro da empresa.
O que é DHO?
O DHO, sigla para Desenvolvimento Humano Organizacional, é uma abordagem que busca estimular o crescimento profissional, promover o bem-estar das equipes e alinhar os objetivos individuais dos colaboradores às metas estratégicas da empresa.
Para isso, o DHO investe em iniciativas como estruturação de planos de carreira, oportunidades de capacitação, cultura de feedback, programas de engajamento, ações de reconhecimento e demais estratégias voltadas para a retenção de talentos.
De acordo com Wilhian Rodrigues, Analista de DHO Sênior na Voke, em organizações mais maduras, o DHO atua como um hub estratégico, ligado à cultura, sucessão, engajamento e desenvolvimento de competências, assegurando que as pessoas certas estejam nas posições certas.
Qual é a diferença entre RH e DHO?
O DHO e o RH caminham juntos, mas possuem enfoques diferentes. Tradicionalmente, o RH é responsável por atividades como recrutamento, seleção, desligamentos, gestão de salários e benefícios, além de questões trabalhistas.
Já o DHO foca no desenvolvimento dos colaboradores, incluindo lideranças, para fortalecer competências, engajar equipes e aumentar a produtividade, sempre alinhado aos objetivos organizacionais. Também promove a melhoria do clima organizacional, favorecendo o bem-estar e os resultados da empresa.
Em muitas empresas, o DHO pode estar estruturado dentro do próprio RH ou até mesmo ser exercido pelo mesmo profissional, especialmente em organizações menores.
Por outro lado, em organizações mais desenvolvidas, tende a ganhar maior autonomia e relevância, assumindo um papel fundamental na integração entre o desenvolvimento das pessoas e os objetivos do negócio.
Por que é importante ter uma estratégia de DHO na sua empresa?
Uma estratégia de DHO garante que os colaboradores não sejam tratados apenas como recursos operacionais, mas como pessoas em constante evolução. Isso proporciona uma série de benefícios que fortalecem o desenvolvimento humano e o desempenho da empresa.
A seguir, destacamos as principais vantagens de aplicar o DHO nas empresas.
Desenvolvimento de competências
O DHO promove iniciativas de aprendizagem contínua que permitem aos colaboradores aprimorar habilidades técnicas e comportamentais. Com isso, a empresa mantém seu time preparado para os desafios atuais e futuros.
Engajamento e retenção de talentos
Ao valorizar o crescimento e oferecer oportunidades reais de desenvolvimento, o DHO contribui para aumentar o nível de engajamento dos colaboradores. Isso faz com que eles permaneçam motivados e reduz a rotatividade dentro da organização
Melhoria do clima organizacional
Com práticas voltadas ao bem-estar, feedback estruturado e reconhecimento constante, o DHO favorece relações mais saudáveis no ambiente de trabalho. O resultado é um clima organizacional mais colaborativo e produtivo.
Fortalecimento da cultura e dos valores
O DHO também tem um papel essencial em aproximar os colaboradores da cultura e dos valores da organização. Quando as iniciativas são bem estruturadas, elas permitem que as pessoas vivenciem esses princípios na prática, aumentando o alinhamento e o senso de pertencimento.
Entre essas iniciativas está o voluntariado corporativo, que se mostrou transformador para Amanda Cunha, Analista de CX na Lenovo. Ao participar de um projeto, ela pôde vivenciar de forma concreta valores da empresa: a colaboração com colegas voluntários e a relação de confiança construída com os mentorados refletiram o princípio de “Teamwork with Integrity and Trust”, que faz parte da cultura da Lenovo.
O voluntariado corporativo como ação de alto impacto em DHO
O voluntariado corporativo é uma prática em que as empresas incentivam o engajamento dos colaboradores em ações sociais, culturais ou sustentáveis, dedicando tempo, recursos ou conhecimento para gerar benefícios à sociedade, especialmente para grupos vulneráveis.
Essas iniciativas são planejadas pelas organizações para estarem alinhadas aos seus valores e objetivos de desenvolvimento humano.
No contexto do DHO, o voluntariado é valioso porque proporciona experiências que vão além do trabalho e fortalecem competências essenciais para o crescimento pessoal e profissional, como empatia, liderança, colaboração e comunicação.
Segundo Amanda, o voluntariado oferece um espaço único de desenvolvimento. “Ele nos coloca em um ambiente seguro para sair da nossa zona de conforto, aprimorar soft skills e enfrentar inseguranças, como a timidez”, diz.

Case de sucesso: Lenovo e Voke unem capacitação e voluntariado corporativo
A Lenovo e a Voke uniram forças em um projeto que beneficiou estudantes refugiados e migrantes apoiados pela Toti Diversidade. Como parte da iniciativa, a Toti ofereceu uma formação em front-end, capacitando os participantes para atuarem no mercado de tecnologia.
Para ampliar ainda mais o impacto, a parceria contou também com ações de voluntariado corporativo, envolvendo colaboradores tanto da Lenovo quanto da Voke em atividades de mentoria, orientação de carreira e troca de experiências.
Essa combinação de capacitação técnica e engajamento humano resultou em um programa transformador, que abriu novas perspectivas de carreira para os alunos e, ao mesmo tempo, fortaleceu competências interpessoais nos voluntários.
Amanda, uma das colaboradoras envolvidas, conta que a iniciativa foi extremamente gratificante. “Eu duvidava da minha capacidade de inspirar e ter algo relevante a agregar, mas, durante a roda de conversa, ver os estudantes genuinamente interessados, anotando e valorizando minhas experiências foi um ponto de virada”, destaca.
Além do impacto emocional, Amanda percebeu avanços em competências como oratória, comunicação intercultural e coragem para superar a timidez. Para Wilhian, que também atuou como voluntário, foi um momento de propósito, empatia e desenvolvimento. “Foi um marco na minha carreira”, comenta.
Como planejar uma estratégia de DHO?
O especialista Wilhian Rodrigues afirma que não existe uma ‘fórmula secreta’ e única para estruturar uma estratégia de DHO. Isso porque a área atua simultaneamente sobre a cultura organizacional e a estratégia do negócio, o que exige flexibilidade e adaptação constante.
Ainda assim, é possível seguir algumas diretrizes que ajudam a dar clareza e consistência a esse processo. A seguir, trazemos passos essenciais para apoiar a definição de uma estratégia de DHO eficiente.
Diagnóstico Organizacional
O ponto de partida é entender a realidade da empresa. Isso envolve identificar as necessidades de desenvolvimento humano, os pontos fortes e as lacunas da organização.
Segundo Wilhian, na Voke esse processo começa com a realização de pesquisas internas, que são comparadas com a percepção das áreas sobre seus próprios desafios e prioridades.
Em seguida, os resultados são conectados à estratégia do negócio, seja ela de curto ou de longo prazo. Para o especialista, essa abordagem garante um direcionamento mais claro para definir o que será tratado como prioridade a cada ano.
Definição de Objetivos
Com base no diagnóstico, é hora de definir os objetivos que irão orientar as iniciativas de DHO. Esses objetivos devem ser claros, mensuráveis e alinhados tanto às necessidades das pessoas quanto às metas estratégicas da organização.
Plano de ação
Depois de definidos os objetivos, o próximo passo é estruturar o plano de execução. Essa etapa envolve escolher as iniciativas mais eficientes, definir responsáveis, estabelecer prazos e organizar os recursos necessários para que as ações sejam realizadas de forma consistente.
O planejamento também deve contemplar diferentes frentes, como programas de capacitação, palestras, políticas de reconhecimento, iniciativas de bem-estar, projetos de diversidade e inclusão, entre outras.
Comunicação e engajamento
Uma das tarefas mais importantes desse processo é garantir que todos compreendam e participem das iniciativas propostas. Wilhian menciona que a forma como a mensagem é transmitida influencia diretamente o engajamento, pois cada público demanda uma abordagem diferente. “A linguagem faz toda a diferença para que a gente consiga ter uma melhor conexão com as pessoas”, diz.
Além disso, o especialista ressalta que a comunicação deve ser simples, próxima e com “pé no chão”. Em momentos específicos, é possível até utilizar o bom humor, quebrando a formalidade excessiva e aproximando ainda mais a mensagem das pessoas.
Acompanhamento de resultados e ajustes
O último passo é avaliar o impacto das ações implementadas e verificar se os objetivos definidos estão sendo alcançados. Esse acompanhamento permite identificar pontos fortes, corrigir falhas e promover os ajustes necessários ao longo do caminho.
Métricas e indicadores de DHO
Para entender a eficiência da estratégia de DHO, é fundamental acompanhar métricas e indicadores que revelem o impacto real das iniciativas. Como destaca Wilhian, alguns desses indicadores ajudam a direcionar o acompanhamento e mostram se as ações estão, de fato, gerando valor para as pessoas e para o negócio.
Entre as principais métricas e indicadores de DHO estão:
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- Taxa de participação nas iniciativas propostas
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- NPS (Net Promoter Score) aplicado internamente
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- ROI (quando aplicável)
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- Turnover (taxa de rotatividade)
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- Índice de engajamento
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- Absenteísmo
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- Avaliação de desempenho
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- Índice de promoções internas
Além disso, é possível também coletar feedbacks de colaboradores e líderes para enriquecer a análise e entender percepções qualitativas sobre as ações implementadas.
Outro ponto importante é avaliar a aplicação prática dos aprendizados e como eles se conectam com os indicadores de negócio, garantindo que os resultados vão além do desenvolvimento individual e contribuam diretamente para a estratégia da empresa.
Principais tendências de DHO para os próximos anos
O mercado de trabalho está em constante transformação, e o DHO precisa acompanhar esse movimento, criando experiências que gerem valor real e estejam alinhadas à estratégia do negócio.
Segundo o especialista Wilhian, algumas tendências já se destacam e devem ganhar ainda mais força nos próximos anos. Conheça a seguir as principais:
Saúde, equilíbrio e cuidado com a família
O futuro do DHO passa por uma integração maior com diversidade, saúde mental, flexibilidade e qualidade de vida, em um movimento que quebra a percepção engessada do modelo tradicional de CLT. Essa abordagem amplia o cuidado para além do colaborador, reconhecendo que o bem-estar da família também influencia diretamente a experiência e o desempenho no trabalho.
Experiência do colaborador e fim da obsessão por cargos
Com a chegada das novas gerações no mercado de trabalho, a experiência do colaborador ganha ainda mais força, trazendo mudanças na cultura organizacional e o fim da obsessão por cargos. O especialista conta que, na Voke, por exemplo, as pessoas não se tratam por cargos, mas sim pelas responsabilidades que assumem, o que reflete uma cultura mais colaborativa.
Aceleradores de carreira
Outra tendência é a criação de aceleradores de carreira, impulsionada pelo desejo das novas gerações por crescimento rápido e reconhecimento mais ágil. Para responder a essa expectativa, as empresas precisam rever seus ciclos de performance e estruturar jornadas de desenvolvimento mais dinâmicas e conectadas às ambições dos profissionais.
Linguagem mais próxima e disruptiva
A comunicação corporativa caminha para ser menos formal e mais autêntica. Esse estilo disruptivo e próximo contribui para engajar talentos, criar conexão genuína com os colaboradores e reduzir a distância entre as pessoas e a estratégia da organização.
Uma comunicação mais leve também abre espaço para explorar novas formas de engajamento dentro das empresas. Entre elas, a gamificação vem se destacando como uma ferramenta capaz de motivar e aproximar equipes.
Se você quer entender como funciona essa estratégia, leia nosso conteúdo sobre “Gamificação nas empresas: como engajar e motivar equipes”.