Equidade, inclusão e diversidade cultural no Brasil: qual é a situação?

10/03/2025
• Atualizado em 10/03/2025
Um grupo diversificado de pessoas colaborando em volta de uma mesa, cada um envolvido com seus laptops em um ambiente produtivo
Diversidade, inclusão e equidade andam juntas para um mundo mais justo

 

Cada vez mais em pauta, o tema da diversidade cultural no Brasil já faz parte da realidade de muitas empresas. A preocupação com a tríade diversidade, equidade e inclusão (DEI) vem se tornando um assunto recorrente entre gestores e profissionais de RH.

Em um país de dimensões continentais, onde é possível encontrar pessoas com diferentes características, origens e culturas, esse tema se torna urgente para conscientizar a sociedade sobre a necessidade de proporcionar aos grupos minorizados oportunidades justas de desenvolvimento pessoal e profissional.

As mudanças sociais são de suma importância. Neste artigo, vamos falar mais sobre a diversidade cultural no Brasil e seus desdobramentos, abordando os desafios que a sociedade ainda enfrenta e como minimizar o impacto das desigualdades, que, infelizmente, ainda são uma realidade no país.

Qual é a definição de equidade, inclusão e diversidade cultural?

Agora, vamos observar quais são as definições dos termos diversidade, equidade e inclusão de forma mais específica:

Diversidade Cultural 

O conceito de diversidade cultural é amplo e plural, uma vez que ele abraça tradições, costumes e expressões de arte que podem vir de grupos, comunidades ou da sociedade, e pode ser representado por uma série de fatores.

As músicas, políticas, festividades populares, histórias que se perpetuam por gerações, vestuários, artes, religiões, núcleos familiares, culinária e idioma são formas de representar a diversidade cultural de um grupo.

Equidade

Os conceitos de equidade e igualdade muitas vezes são confundidos, mas é importante destacar que eles possuem significados diferentes.  Enquanto a igualdade busca tratar todas as pessoas da mesma forma, a equidade reconhece que nem todos partem das mesmas condições e, por isso, busca um tratamento diferenciado para nivelar essas diferenças e garantir justiça. 

Como cada indivíduo vem de um contexto sociocultural distinto, não é possível utilizar a mesma régua em todos os casos, pois isso não eliminaria as disparidades já existentes, podendo até ampliá-las. 

Diante dessas diferenças, a equidade exige que a sociedade implemente medidas eficazes para diminuir a desigualdade, promovendo oportunidades mais justas no convívio social. 

Por meio da equidade, pessoas com histórias e experiências de  vida tão distintas terão mais condições de exercer seus direitos e se desenvolver,  tanto no âmbito pessoal como no profissional.

Inclusão

A inclusão consiste em assegurar que todas as pessoas, independentemente de suas características, tenham acesso a direitos, espaços e oportunidades, permitindo sua plena participação na sociedade.

Ela é a chave para que a equidade se torne uma realidade no Brasil e uma constante em nossa sociedade. A inclusão pode se manifestar por meio de leis, convenções, acordos ou até mesmo por iniciativas de pessoas físicas ou jurídicas.

Como exemplo, podemos citar a adaptação de ambientes, como prédios residenciais ou comerciais, para oferecer a acessibilidade necessária às pessoas com deficiência (PcDs). Além disso, a inclusão está presente nos processos seletivos em que a contratação de grupos minorizados, como mulheres, negros, pessoas LGBTQIA+, migrantes e refugiados, seja promovida de forma contínua.

A importância desses conceitos para a sociedade brasileira

Infelizmente, a exclusão social é uma realidade para muitas pessoas, mesmo que nem todos a percebam. Por isso, promover a diversidade, equidade e inclusão em todas as camadas da sociedade é uma necessidade urgente para garantir um futuro mais justo. 

 Compreender os efeitos positivos dessas iniciativas  não só na vida de pessoas, mas também no ambiente corporativo, é fundamental. Afinal, ambientes diversos e inclusivos oferecem mais perspectivas de desenvolvimento e maior capacidade de solução de problemas, graças às diferentes experiências de vida de cada indivíduo.

Além disso, promovem um ambiente mais acolhedor e estimulante, em que os colaboradores se sentem valorizados e motivados a contribuir de forma ativa para o crescimento da organização. 

Tanto na sociedade quanto no ambiente corporativo, investimentos em DEI contribuem para um ambiente mais harmônico e plural. No contexto organizacional, a empresa fortalece sua reputação junto a clientes e parceiros, enquanto, de forma geral, equipes e comunidades mais inclusivas tendem a ser mais felizes, engajadas e produtivas. 

Qual é a situação atual da diversidade cultural no Brasil?

Embora o Brasil seja um país com uma população diversa, ainda há desafios a serem superados para que a diversidade, equidade e inclusão sejam plenamente incentivadas, respeitadas e difundidas.

Mas a sociedade caminha, ainda que a passos mais lentos do que o ideal, para que essa realidade se modifique.Um passo importante dentro dessa reformulação de conceitos é a participação de empresas na implementação da diversidade, equidade e inclusão em seu quadro de pessoas colaboradoras.

Multiplicidade de culturas no Brasil

O Brasil é um país de dimensões continentais, e toda essa área contribui para a diversidade cultural nacional. Desde 2010, o país contabilizou um fluxo migratório de aproximadamente 2,3 milhões de pessoas, de acordo com o Boletim das Migrações. Nesse período, a maior parte dos migrantes veio da Venezuela, do Haiti e da Bolívia.

Com esse movimento constante de pessoas, surgem novas tradições, comidas e religiões, já que os migrantes que chegam e se estabelecem por aqui trazem consigo novos costumes, crenças, culinárias típicas e hábitos que acabam somados aos já existentes, dando origem a ainda mais multiplicidade de culturas. 

Diversidade étnica e racial no Brasil

A sociedade brasileira é bastante diversa e envolve uma considerável gama de etnias, culturas, idiomas, raças, entre outros elementos de diferenciação. A raça evidencia as características físicas, como a cor, enquanto  a etnia engloba também as diferenças culturais, linguísticas, diversidades religiosas, entre outros elementos.

A variedade de povos encontrada no país continua a crescer, uma vez que diferentes grupos se ramificam e se misturam, e seus descendentes formam novos coletivos ou são absorvidos por outros já existentes.

De acordo com dados do IBGE, há mais de 300 etnias indígenas presentes no país, além dos descendentes de europeus, asiáticos e africanos, que fazem parte da nossa população há muitos anos.

Inclusão de grupos minorizados (negros, indígenas, mulheres, pessoas LGBTQIAP+, etc.)

O processo de inclusão social e corporativa de grupos minorizados, como mulheres, indígenas, negros, migrantes e pessoas LGBTQIAP+, deve envolver ações que promovam a integração necessária para que a diversidade, equidade e inclusão se tornem uma realidade.

Por uma questão histórica e de preconceitos, esses grupos enfrentam até hoje um processo contínuo de exclusão de seus direitos e de dificuldades de socialização, o que  impacta suas vidas e restringe o acesso a oportunidades fundamentais para o crescimento. 

Diante desse cenário, a inclusão de grupos minorizados deve ocorrer por meio de ações sociais, que incluam a conscientização e a ampla defesa de seus direitos, garantindo que a equidade se torne uma realidade.

Desigualdade socioeconômica e o impacto na equidade e inclusão

A desigualdade socioeconômica no país é alarmante, visto que a divisão de renda no Brasil apresenta uma disparidade que impacta diretamente os grupos minorizados. 

Essa discrepância aumenta ainda mais os efeitos nocivos sofridos pelas minorias, limitando suas oportunidades de desenvolvimento e influenciando negativamente sua trajetória profissional.  

Além disso, a adoção de programas de diversidade, equidade e inclusão no ambiente organizacional ainda ocorre de forma limitada. No entanto, essa pauta tem avançado, e os processos seletivos voltados para a inclusão de grupos sub-representados vêm sendo cada vez mais considerados. 

Quais são os desafios para a inclusão e equidade no Brasil?

É preciso que o combate a qualquer tipo de preconceito e exclusão seja cada vez mais ampliado e se torne uma constante na vida de todas as camadas da população, mas esse processo ainda enfrenta alguns desafios, como detalharemos a seguir:

Barreiras estruturais e sistêmicas

Muitas vezes, determinados grupos da nossa população se deparam com barreiras estruturais e sistêmicas, como a falta de acesso a serviços básicos e essenciais, como educação, saúde e segurança.

Além disso, há uma escassez de oportunidades no mercado de trabalho, que nem sempre oferece condições de equidade para todos, o que agrava ainda mais as diferenças socioeconômicas e dificulta a inclusão daqueles em situação de maior vulnerabilidade. 

Racismo estrutural e seus efeitos nas políticas públicas

O racismo estrutural ainda é uma realidade na sociedade e se manifesta tanto em atitudes quanto na desigualdade de oportunidades para a população negra. 

No entanto, podemos citar algumas políticas públicas que foram criadas para combater esse problema e minimizar seus efeitos. A implementação de cotas em instituições de ensino, por exemplo, busca ampliar o acesso da população negra e de outros grupos historicamente desfavorecidos à educação. 

Além disso, políticas voltadas para o mercado de trabalho buscam ampliar a representatividade racial, incentivando a diversidade e a inclusão dentro das empresas por meio de ações afirmativas e programas de capacitação.

A falta de representação em setores-chave (política, educação, mercado de trabalho)

A baixa representatividade de pessoas diversas no mercado de trabalho, em cargos-chave e no cenário político, ainda é um grande desafio para a inclusão e a equidade no Brasil. A ausência desses indivíduos em espaços estratégicos perpetua desigualdades e impede a formulação de políticas públicas que atendam de forma justa às necessidades dessas populações.

Para combater essa exclusão, foram implementadas e estimuladas a cotas mínimas dentro de empresas e partidos políticos. Em determinados casos, atender a essa exigência é essencial para participação em espaços midiáticos, determinação de metas e ampliação de oportunidades políticas. 

No meio educacional, a criação das cotas estudantis tem possibilitado que pessoas que antes não tinham perspectiva de ingressar em universidades públicas agora possam conquistar uma vaga no ensino superior. 

Boas práticas e iniciativas de inclusão e equidade

Para não só apoiar, mas também estimular a criação e implementação de boas práticas que envolvam  diversidade, equidade e inclusão, o Governo Federal e as empresas têm se empenhado em iniciativas que ampliem a representatividade e garantam oportunidades mais justas tanto na sociedade como um todo quanto no quadro de pessoas colaboradoras. Agora, confira alguns casos de sucesso:

Exemplos de empresas que adotaram práticas inclusivas

Grandes empresas, como o Banco Pan, Neon, Instituto Nu e o Hospital Albert Einstein, realizaram ações concretas de inclusão, promovendo oportunidades para grupos historicamente sub-representados no mercado de trabalho. Como parceiras da Toti Diversidade, essas organizações apoiaram a capacitação de refugiados e migrantes em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de contribuir para a redução das desigualdades no acesso ao emprego formal.

Outras empresas parceiras, como o Grupo Globo, investiram em projetos de voluntariado corporativo, engajando seus colaboradores em iniciativas sociais que promoveram o desenvolvimento de grupos minorizados. Além disso, organizações como a Raízen, Iteris e Alura Latam implementaram políticas de contratação voltadas para refugiados e migrantes, em parceria com a Toti, para fortalecer a diversidade em suas equipes de trabalho.

Iniciativas governamentais e da sociedade civil

Assim como a capacitação de grupos minorizados, as empresas passaram a promover processos seletivos mais inclusivos e diversos, proporcionando oportunidades reais para mulheres, negros, refugiados e população LGBTQIAP+  ingressarem no mercado de trabalho.

Além das cotas, o Governo Federal tem adotado uma posição inclusiva e diversa em seu quadro de pessoas colaboradoras.  Entre os nomeados para cargos de confiança, há   negros, mulheres, indígenas e pessoas LGBTQIAP+.

Qual o papel da educação na inclusão e diversidade?

De acordo com Paulo Freire, somente por meio da educação é possível conquistar uma sociedade mais humana e transformadora, em que homens e mulheres sejam os sujeitos de sua própria história.

Nesse cenário, as escolas e universidades possuem um papel importante na redução e no combate ao impacto que a exclusão e o preconceito ainda causam a diversos grupos minorizados da nossa sociedade.

Como as escolas podem promover a equidade e o respeito às culturas

O papel que as escolas têm na formação de indivíduos que tenham pensamento crítico é fundamental. Quando os cidadãos conhecem seus direitos e deveres e entendem que todos devem receber oportunidades equitativas, a sociedade funciona melhor.

Para isso, as instituições de ensino podem promover projetos a fim de celebrar a diversidade linguística e cultural. Eventos que envolvam a comunidade também são um recurso para ensinar o respeito e a valorização das diferenças, de forma a criar uma convivência harmônica e respeitosa.

Assim, a cultura de paz e respeito às diferenças, disseminada pelas escolas, é capaz de criar ambientes em que cada indivíduo possa se expressar livremente, sem ser discriminado, excluído ou sofrer qualquer tipo de violência.

É papel da escola aprimorar a educação que seus alunos recebem desde casa, proporcionar conhecimentos que possibilitem a convivência em sociedade e contribuir para a formação de cidadãos responsáveis, respeitosos e que se empenhem em tratar a todos de maneira justa, independentemente de suas diferenças ideológicas, físicas ou étnicas.

Projetos educacionais que valorizam a diversidade cultural

É imprescindível implementar projetos que ofereçam uma educação de qualidade e mais inclusiva a todos os cidadãos, para que se formem indivíduos capazes de abraçar as diferenças e tirar o melhor proveito das múltiplas experiências das pessoas que nos cercam.

Isso pode ser feito por meio de projetos que envolvam a leitura de livros e histórias que abordam diferenças culturais, étnicas, raciais, de gênero e deficiência, além de atividades lúdicas que promovam o respeito e a valorização da diversidade.

Além disso, a visita a museus, comunidades diversas, cenas culturais e centros interraciais estimula a convivência com a diversidade, sua compreensão e a aceitação das diferenças. Debates e discussões sobre temas variados, como igualdade de gênero, justiça social e racial, também são ferramentas essenciais para a valorização da diversidade cultural.

Qual o futuro da inclusão e equidade no Brasil?

Para a obtenção de uma sociedade mais diversa e inclusiva, é preciso que os cidadãos se preparem para isso, e as escolas já desempenham um papel importante no desenvolvimento de indivíduos que valorizem a diversidade de forma natural.

O papel das novas gerações na transformação social

Os jovens já perceberam que o mundo melhor com o qual todos sonham depende de muitas mudanças, em especial de pautas como o fim do preconceito e do racismo, a valorização dos direitos humanos e das mulheres e a preservação do meio ambiente.

Para que seja realmente possível conquistar uma sociedade justa, com uma convivência harmoniosa, empática e respeitosa com as diferenças, as novas gerações estão cada vez mais atentas ao que deve ser feito e modificado para que sejam capazes de fazer a diferença na construção de um futuro inclusivo e com equidade.

Muitos projetos são criados ou contam com a participação da camada mais jovem da sociedade, que já percebeu que, para efetuar mudanças, é preciso colocar a mão na massa e trabalhar para a obtenção de melhorias.

O impacto das políticas públicas e a necessidade de ações concretas

Mesmo sabendo que os jovens representam o futuro do país e têm papel ativo para a transformação social, é necessário que o governo desenvolva cada vez mais formas de levar diversidade, equidade e inclusão a todas as camadas da nossa sociedade, criando, assim, ferramentas de mudanças.

Somente por meio de políticas públicas e parcerias público-privadas a sociedade poderá vislumbrar a chance de proporcionar melhores condições de vida a todos, garantindo equidade em relação ao crescimento profissional e pessoal e incentivando uma sociedade mais empática e harmoniosa.

Nesse sentido, projetos de lei, regras de inclusão, oferta de benefícios fiscais, lei de cotas, programas de distribuição de renda, entre outras medidas, são extremamente necessárias para que a sociedade possa evoluir e oferecer equidade e inclusão a todos.

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