Tecnologia e inclusão: como as organizações podem promover a integração de refugiados

30/06/2025
• Atualizado em 27/06/2025
Homem em pé palestrando para outras pessoas.
Combinando tecnologia e inclusão, empresas podem impulsionar a integração de refugiados

 

Recomeçar a vida em outro país é um processo complexo, especialmente para quem deixou sua terra por necessidade. Além do idioma e da cultura, muitas pessoas refugiadas enfrentam dificuldades no acesso a serviços básicos, educação e oportunidades de trabalho.

Segundo a 9º edição do Relatório Refúgio em Números — publicada em 2024 pelo Comitê Nacional para Refugiados (Conare) —, só em 2023 mais de 58 mil pessoas solicitaram refúgio no Brasil, vindas de 150 países.

Apesar da diversidade de histórias e competências, ainda são comuns as barreiras que dificultam a inclusão real dessas pessoas na sociedade.

Por isso, neste artigo, mostramos como a tecnologia pode ser uma aliada nesse processo e como as organizações podem atuar, de forma prática, para promover integração, diversidade e impacto social positivo. Acompanhe!

Entendendo o contexto dos refugiados e a importância da inclusão

Antes de pensar em soluções, é essencial entender os desafios enfrentados por quem está recomeçando a vida em outro país.

Para muitas pessoas refugiadas, a chegada é só o primeiro passo de um caminho cheio de obstáculos, muitos deles invisíveis para quem nunca viveu essa experiência.

Por que pessoas se tornam refugiadas?

As pessoas se tornam refugiadas quando são forçadas a deixar seus locais de origem para proteger suas vidas, sua liberdade ou sua integridade física. Isso acontece em situações extremas, como guerras, perseguições políticas, religiosas ou étnicas, conflitos armados, desastres ambientais ou violações graves de direitos humanos. Ao buscar refúgio em outro território, elas tentam encontrar segurança, dignidade e a chance de recomeçar. 

É importante lembrar que ser refugiado é diferente de ser migrante. Migrantes mudam de país por decisão própria, geralmente em busca de melhores oportunidades de vida, trabalho ou estudo. Já os refugiados não têm essa escolha, pois sua saída é uma questão de sobrevivência.

Os desafios do recomeço

Chegar a um novo país envolve lidar com várias mudanças ao mesmo tempo, como idioma, cultura, burocracia e redes de apoio. Esses fatores, no dia a dia, dificultam o acesso à educação, ao trabalho e a serviços básicos.

Além disso, muitos refugiados enfrentam vulnerabilidades que agravam esse cenário, como a falta de documentos, isolamento social e dificuldade de acesso a oportunidades profissionais. O desafio, em diversos casos, não é a falta de conhecimento, mas a ausência de chances para aplicar o que já sabem. 

Muitas pessoas refugiadas têm formação técnica, experiência profissional e domínio de tecnologias, mas enfrentam barreiras como o preconceito no mercado de trabalho, a dificuldade de validação de experiências anteriores e o não reconhecimento de diplomas estrangeiros, o que limita seu potencial de integração.

O papel das organizações na construção de soluções

É nesse contexto que organizações da sociedade civil, empresas e instituições públicas podem fazer a diferença.

A criação de programas de capacitação, acesso à informação e oportunidades reais de trabalho não apenas facilita a integração, mas também fortalece a dignidade e a autonomia dessas pessoas.

Investir em inclusão é uma forma de gerar impacto social e, ao mesmo tempo, construir ambientes corporativos mais diversos, inovadores e preparados para o mundo atual.

A tecnologia como ferramenta de inclusão

A tecnologia tem o potencial de transformar realidades e, no contexto da migração forçada, pode ser uma ponte entre a exclusão e um novo recomeço. Por oferecer amplas oportunidades de atuação, inclusive em formatos remotos, com menor exigência de comprovação formal e grande demanda global, a área de tecnologia é percebida como especialmente promissora para pessoas refugiadas. 

Quando usada de forma estratégica, a tecnologia facilita a qualificação, o acesso ao mercado de trabalho e a conexão com redes profissionais. 

Tecnologia como porta de entrada para o mercado de trabalho 

Para muitas pessoas refugiadas, retomar ou aprofundar os estudos e desenvolver novas habilidades profissionais é um passo importante no processo de reconstrução da vida.

Nesse contexto, cursos e formações técnicas em áreas como programação, análise de dados, suporte técnico e outras competências digitais podem ter papel fundamental na inserção de refugiados no mercado de trabalho.

Essas iniciativas oferecem oportunidades de qualificação e preparam os participantes para atuar em um setor dinâmico, com possibilidades de trabalho remoto e crescimento contínuo.

Aplicativos e sistemas de apoio à integração

No dia a dia de quem está recomeçando a vida em outro país, pequenas facilidades fazem grande diferença.

Por isso, cada vez mais iniciativas têm apostado em aplicativos e sistemas digitais pensados para apoiar a integração de pessoas refugiadas de forma prática e acessível.

Hoje já existem soluções que ajudam na tradução de documentos, na busca por serviços públicos, no registro para solicitação de refúgio e até no mapeamento de vagas inclusivas de emprego. 

Quando desenvolvidas com empatia, linguagem acessível e foco nas reais necessidades do público, essas tecnologias deixam de ser apenas promessas e passam a ser instrumentos concretos de inclusão e autonomia.

Contratação inclusiva no setor de tecnologia

O setor de tecnologia tem grande potencial para incluir pessoas refugiadas, especialmente por valorizar o aprendizado prático, a resolução de problemas e a capacidade de adaptação. 

Ao repensar critérios de seleção e abrir espaço para trajetórias diversas, as empresas podem descobrir profissionais talentosos, com experiências de vida únicas, perspectivas ampliadas e forte potencial de inovação. Além de suprir demandas do setor, essa abordagem fortalece uma cultura de inovação e responsabilidade social.

Exemplos de iniciativas bem-sucedidas

Iniciativas que combinam tecnologia, acolhimento e propósito mostram, na prática, como é possível promover inclusão de forma efetiva.

A seguir, conheça o trabalho da Toti, que atua diretamente com a formação e empregabilidade de pessoas refugiadas no Brasil, além de dois outros cases de destaque: a Neon e o Instituto Nu.

Toti Diversidade: capacitação em tecnologia para refugiados

Na Toti, acreditamos que a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa de transformação.

Por isso, promovemos a inclusão por meio da educação tecnológica, conectando capacitação, oportunidades profissionais e integração social para pessoas refugiadas e migrantes no Brasil.

Com o apoio de empresas comprometidas com a diversidade, oferecemos capacitações profissionais gratuitas em áreas como programação, análise de dados e desenvolvimento web. Nossas formações vão além do conteúdo técnico: também damos suporte emocional, orientação de carreira e incentivo ao desenvolvimento de habilidades interpessoais.

Além da formação, também criamos pontes com o mercado de trabalho. Apoiamos a empregabilidade de pessoas refugiadas conectando os profissionais formados a empresas parceiras e acompanhando sua inserção em times comprometidos com a inclusão. 

Sabemos que recomeçar longe de casa não é fácil. Mas quando o acolhimento vem acompanhado de oportunidades reais, o caminho se torna possível. 

Instituto Nu: formação com foco em impacto social

Entre 2022 e 2023, o Instituto Nu — iniciativa de impacto social criada pelo Nubank, desenvolveu ações voltadas à capacitação de grupos historicamente sub-representados, com foco em educação e desenvolvimento profissional.

Em parceria com a Toti, apoiou a formação de mais de 700 pessoas refugiadas e migrantes, com foco em pessoas negras, em diversas áreas da tecnologia. Esse case reforça o poder da educação como ferramenta de inclusão e transformação real de vidas.

Neon: educação e empregabilidade

A Neon também buscou a Toti com o objetivo de apoiar a capacitação de pessoas refugiadas e migrantes, não só como forma de gerar oportunidades, mas também com o compromisso de ampliar a diversidade em seus próprios times.

A parceria proporcionou formação em tecnologia para profissionais refugiados e migrantes e resultou na contratação de 15 deles para atuarem diretamente no time da Neon, reforçando o papel da inclusão na construção de equipes mais diversas e qualificadas.

Como as organizações podem implementar programas de inclusão tecnológica?

Criar iniciativas de inclusão tecnológica para pessoas refugiadas exige sensibilidade, planejamento e, principalmente, conexão com a realidade de quem está recomeçando a vida em um novo país. A seguir, reunimos caminhos práticos para organizações que desejam transformar boas intenções em ações consistentes.

Avalie as necessidades de quem será atendido

O primeiro passo é entender a realidade desse público. Pessoas refugiadas chegam com diferentes níveis de escolaridade, experiências profissionais e contato prévio com tecnologias — por isso, é essencial mapear essas diferenças antes de propor qualquer solução.

Entender barreiras como o idioma ou a familiaridade com determinadas ferramentas ajuda a construir programas mais adequados e eficientes. Essa interação pode ser feita por meio de conversas, formulários simples e outras abordagens acessíveis. O processo se torna muito mais eficiente quando realizado em parceria com organizações que já atuam com pessoas refugiadas e migrantes e que compreendem suas trajetórias e contextos. 

Desenvolva programas de capacitação acessíveis

Com base nesse diagnóstico, é possível criar formações que acompanhem o ritmo e a realidade de quem participa. Os conteúdos podem abranger desde a introdução a ferramentas digitais — para quem tem menos familiaridade — até cursos técnicos mais avançados, como programação, análise de dados ou suporte técnico, como fazemos na Toti. 

O ideal é que os conteúdos sejam apresentados em linguagem simples e adaptados culturalmente, facilitando a compreensão e o engajamento. 

Ter apoio ao longo do processo — como mentorias, tutoriais ou acompanhamento pedagógico — também contribui para uma aprendizagem mais segura e efetiva.

Crie parcerias para ampliar o impacto

Para que a inclusão tecnológica se traduza em inclusão profissional, é fundamental estabelecer conexões.

Parcerias com empresas, universidades, coletivos e outras organizações ajudam a dar visibilidade às formações, validar certificações e abrir oportunidades reais de emprego.

Mais do que ampliar o alcance, essas alianças demonstram um compromisso concreto com a diversidade e fortalecem a cultura organizacional. Ao somar esforços, as organizações compartilham responsabilidades e ampliam o impacto social das iniciativas.

Quais são os benefícios da inclusão de refugiados para as organizações?

Incluir pessoas refugiadas nas iniciativas da empresa vai além do compromisso social, sendo também uma escolha estratégica.

Quando a diversidade é valorizada de forma intencional e bem estruturada, os resultados aparecem em várias frentes. Acompanhe a seguir!

Diversidade que gera inovação

Equipes diversas pensam diferente, e isso é uma vantagem real. Pessoas refugiadas trazem experiências de vida, formas de resolver problemas e referências culturais que enriquecem o ambiente de trabalho.

Esse mix de perspectivas favorece a criatividade, a empatia e a busca por soluções mais completas e humanas.

Dessa forma, contratar profissionais refugiados é uma forma de tornar a empresa mais conectada com o mundo e com os desafios reais das pessoas.

Fortalecimento da responsabilidade social

Ações de inclusão que saem do discurso e se transformam em práticas concretas fortalecem a reputação da marca e mostram que a empresa está atenta ao seu papel na sociedade.

Além disso, em um cenário em que consumidores e talentos buscam marcas com propósito, demonstrar compromisso com a diversidade se torna um diferencial competitivo.

Contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) fazem parte de  uma agenda global da ONU que reúne 17 objetivos para tornar o mundo mais justo, seguro e equilibrado até 2030.

Eles orientam governos, empresas e sociedade civil na busca por soluções que unam desenvolvimento econômico, inclusão social e sustentabilidade.

Quando uma empresa investe na formação e inclusão de pessoas refugiadas, ela contribui diretamente para objetivos como:

  • ODS 4: Educação de qualidade;
  • ODS 8: Trabalho decente e crescimento econômico;
  • ODS 10: Redução das desigualdades;
  • ODS 17: Parcerias e meios de implementação.

Com isso, além de gerar impacto positivo dentro da organização, a empresa também fortalece seu papel em um movimento global por um futuro mais inclusivo e sustentável.

A tecnologia tem o poder de abrir caminhos, mas é a ação conjunta que transforma esses caminhos em oportunidades reais.

Incluir pessoas refugiadas por meio da educação tecnológica não é apenas enfrentar os desafios do presente: é contribuir para um futuro mais justo, plural e inovador.

Quer dar o primeiro passo?  Fale com a Toti e descubra como sua empresa pode fazer parte dessa transformação.

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